Passos a caminho da eternidade num coração que bombeia muito amor. Amor sincero mesclado com umas gotas de dor. Gotas um pouco escassas mas que ainda assim cravaram bem fundo. Dói que se farta porque não sei nada sobre confiar. Só sei afastar para outras bandas e apontar a direcção da saída. Não quero que tu saias mas ainda assim as inseguranças bombardeiam. Inseguranças são coisas que não se querem, são maldosas e perversas. Em geral provadas por medos estúpidos que me fazem perder por caminhos labirínticos. Veias e artérias que se cruzam e difundem. Difundir-me em ti. Espalhar-me ao comprido. Caminhos que se dirigem sempre ao mesmo ponto. Atrofio. Ter-te aqui dentro e não saber o que fazer porque nunca fui muito boa a orientar-me. Preciso de um mapa mais preciso, de uma direcção um pouco mais exacta, preciso de ajuda. O meu GPS está numa língua que eu ainda não domino muito bem e o sangue não chega ao cérebro. Talvez estas paredes se desmantelem e eu as consiga ultrapassar. Ir mais além num além que te tem. Talvez o sangue pare de gotejar. Terminou a divisão gasta. Gasta que me arrasta mais um pouco. Pouco. Um pouco mais. Deixar de me perder e perder-me em ti. Somente. Não ceder mais por caminhos que não interessam. Meu coração foi fulminado por um doido com juízo e sem ele. Promete-me um ataque cardíaco de beijos e desejos com um misto de indicações que por vezes falho. Talvez isto passe e eu comece a acertar em alguma coisa... Acho que encontrei uma direcção.
domingo, 31 de outubro de 2010
Promete-me um ataque cardíaco
Passos a caminho da eternidade num coração que bombeia muito amor. Amor sincero mesclado com umas gotas de dor. Gotas um pouco escassas mas que ainda assim cravaram bem fundo. Dói que se farta porque não sei nada sobre confiar. Só sei afastar para outras bandas e apontar a direcção da saída. Não quero que tu saias mas ainda assim as inseguranças bombardeiam. Inseguranças são coisas que não se querem, são maldosas e perversas. Em geral provadas por medos estúpidos que me fazem perder por caminhos labirínticos. Veias e artérias que se cruzam e difundem. Difundir-me em ti. Espalhar-me ao comprido. Caminhos que se dirigem sempre ao mesmo ponto. Atrofio. Ter-te aqui dentro e não saber o que fazer porque nunca fui muito boa a orientar-me. Preciso de um mapa mais preciso, de uma direcção um pouco mais exacta, preciso de ajuda. O meu GPS está numa língua que eu ainda não domino muito bem e o sangue não chega ao cérebro. Talvez estas paredes se desmantelem e eu as consiga ultrapassar. Ir mais além num além que te tem. Talvez o sangue pare de gotejar. Terminou a divisão gasta. Gasta que me arrasta mais um pouco. Pouco. Um pouco mais. Deixar de me perder e perder-me em ti. Somente. Não ceder mais por caminhos que não interessam. Meu coração foi fulminado por um doido com juízo e sem ele. Promete-me um ataque cardíaco de beijos e desejos com um misto de indicações que por vezes falho. Talvez isto passe e eu comece a acertar em alguma coisa... Acho que encontrei uma direcção.
Lençóis manchados de tinta
http://carlosnascimento.carbonmade.com/ |
O quanto me dá prazer
Ter como um querer
A ti para desvendar
E contigo amar
Até ficar cansada
Não querendo mais nada
Que no tempo se perca
Os beijos correm, bem ou mal
Surgem na espontaneidade natural
E a forma, essa…
De tão ondulada e marginal
De parar não tem pressa
Os lençóis manchados de tinta
Tinta que mancha distinta
A distinção que não se finda
Quanto é melhor que nestas brumas
Esperar por ti enquanto durmas
Quer acordes ou não
Chuva que abraça e me embaraça
Avião que rasga enquanto voa
À toa
Com a minha sina
No céu que fascina
E me ensina
Antena que se perdeu
E viveu
Num momento
Lento
Que voou com o vento
Nos lençóis espalhados
E enroladosPelos corpos amassados
Alados
Chuva que abraça
E me embaraça
Com o meu coração inseguro
EscuroNum medo
Ledo
Que atira
E viraTudo o que espero
Em que desespero
DemaisSomente porque te quero
Mais
terça-feira, 26 de outubro de 2010
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Morte que chega e não quer chegar
Me apaixonei pelo mundo
Pela vida que havia em mim
Me convenci de que tudo
Seria bom sem ter fim
Levei-me pela ilusão
De acreditar em coisas belas
Fechei-me nesta prisão
Onde não existem janelas
Esta prisão mundana
De ignorantes sabichões
Não vêem a acção leviana
De deus escrevendo aos tropeções
Este mundo que não me sente
Tem amarras e grilhões
Tem só gente que mente
Empestado está de rufiões
Um sítio triste, deveras
Não pensei que assim fosse
Acreditava em sonhos e quimeras
Esperança no coração trouxe
Vou morrendo aos poucos
Nesta vida que me consome
Desejo viver com os loucos
Partilhar o prato em que o Diabo come
Sangro pelo amor que dói
Que pedi devolução
Mas essa vontade sustentei
No meu estúpido coração
Choro pelo mundo
Que Deus fez a brincar
O que pretendeu no fundo
Foi ter alguém com quem gozar
Se fosse de juízo perfeito
Não nos querendo baralhar
Teria-nos colocado no peito
Um coração são a funcionar
Fiz para morrer
Num caminho facilitado
Como era de prever
Apanhei Deus mal-humorado
De repente acordei
Para um mundo que não queria
Cheia de dores despertei
Pensando que Deus me mentia
Castigou-me de tal forma
Aumentando a minha dor
Da paz não há retoma
Nem certeza que há amor
Não consigo respirar
O oxigénio já escasseia
Talvez seja a Morte a chegar
Com malícia e peneira
Mas que pretendo eu
Novamente num engano?
A Morte não se comoveu
Com o primeiro desengano
Ó Deus como lamento
Que tenha sido assim,
Que nem por um momento
O amor tenha pertencido a mim
Em nada do que pedi
Encontrei realização
Nem de Deus consegui
A ambicionada libertação
Porque me ensinaram a querer
Coisas que não se darão
Antes me ensinassem a morrer
Teria grande gratidão
Deste amor que me consome
Desta vontade de amar
De querer que a vida tome
O caminho do amor em que devia estar
Desta vida infernal
Desta vida infernal
Deste mundo de embrulhadas
Não necessitamos da luz celestial
Apenas de luzes apagadas
Que Deus ganhe entendimento
Que me deixe morrer em paz
Que execute um concerto
Por todo o mal que faz.
domingo, 24 de outubro de 2010
Maria era uma puta
Raymond Depardon |
Maria era uma puta nascida nos anos 50 que viveu até ao ano de 2010. Começou por ser puta nos anos 70 e não mais parou. Vida de puta não é nada fácil, fartou-se de trabalhar. Morreu de overdose de álcool, drogas e comprimidos enquanto ouvia Ramones deitada na sua cama mais que usada. Morreu ao relembrar o momento em que ainda não era puta e se sentia capaz de alcançar o mundo. Maria estava farta da vida de puta e a vida de puta já estava farta de Maria. As rugas na cara e o corpo gasto de tanto uso não perdoam a qualquer puta que se preze e não perdoaram a Maria. A clientela diminuía e a fome aumentava.
Maria ainda tentou sair da vida de puta caminhando por estradas santificadas, mas as estradas revelaram-se sinuosas e com muitos cruzamentos com outros viajantes. Nem as idas à missa a salvaram, nem mesmo as horas passadas no confessionário com o Padre Francisco. E há que realçar que o Padre Francisco, servo do Senhor Deus bastante preocupado com o seu rebanho, tudo fez para a salvar. Partilhava com ela todos os dias um lanche saboroso com pão estaladiço barrado a marmelada. Ofereceu inclusive um terço a Maria, daqueles fluorescentes que brilham no escuro para a iluminar nas noites divinas.
Deu muito jeito a Maria ter o dito terço consigo mesmo por cima das revistas pornográficas rasgadas de tanto serem tacteadas. Constituíram muitos fetiches realizados pela clientela que abandonava a porta 69 com um ar rejuvenescido. Com a Maria deixavam umas marcas vermelhas na sua pele branca que teimavam em ficar durante umas boas semanas. Eram pancadas de tanto amor. Por tal acto pagavam-lhe 22 euros e 50 cêntimos em moedas de 10. As gorjetas, essas iam directas para o mealheiro supostamente destinado a ser gasto nas suas férias ao Rio de Janeiro. Aí sim se banharia ao sol e seria uma puta feliz. Mas a puta da vida fez de Maria uma puta infeliz com muitas histórias de puta mas com poucas sobre Maria. Maria era puta e o resto ninguém sabe muito bem.
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Mulher que sonha e não ri
Mar que me encanta na noite gelada que se aproxima, e quando se aproxima já vem tarde. Que venha assim de um só impulso e que traga com ela aquele rabo gigante que me esmaga como se não houvesse amanha. Não quero mais esperas que me desesperam e que me fazem andar à deriva. Deriva que me faz deitar por terra e por aí ficar. Não quero ficar. Quero avançar e sentir. Sentir que amamos e voamos. Gansos que andam por terra não voam nos céus, ou em outras paragens mais. Já dizia a mulher que sonha e não ri. Que não ri nem faz sexo, porque o sexo faz bem à saúde de alguns, de outros nem por isso.
Janela com pouco sabor
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Não gosto de manadas
Estou cansada. E se não é da ressaca de álcool e fumos então não sei do que seja. É bom que seja só e meramente desta mesmíssima coisa. Deste nenhum de coisa alguma. Mas a cabeça ameaça explodir de várias formas e ressuscitar em mim um mau estar antigo. E que merda de mau estar com centenas de anos. Hoje é um daqueles dias em que quero muito, como se de uma necessidade imensa se tratasse, mandar pessoas «pró caralho». Simplesmente que se lixem. Que me deixem em paz e que parem de perguntar o que faço eu na vida. E que bandas gosto de cantarolar e que livros folheio por folhear. E aquilo que sou em tudo o que faço e que não faço rebuscado num bloquinho de notas sem importância. Caralho para elas. Mas somente para aquelas que me deixam dormente e me fazem sentir uma estranha. Não pertenço a lado algum e não quero ser enfiada numa prateleira de biblioteca com uma etiqueta a designar «livros tristes e dramáticos». Não gosto de seguir por caminhos tracejados só porque o tracejado é feliz e reluzente mas com um cheirinho a mofo. Não gosto de manadas. Manadas são dormentes e apáticas e eu estou farta de vacas. Devia tomar um comprimido e matar já esta tendência sádica. Um, talvez, vários, de certeza. Se bem que a minha relação com os comprimidos é um tanto ou quanto desastrada e com vários momentos masoquistas reproduzidos em intervalos descontrolados, como tal, prefiro ficar mais numa de sádica do que de masoquista. Aprender a sobreviver é assim. Uma merda egoísta.
domingo, 17 de outubro de 2010
4 ventos e 1 vestido que não se gosta
Hoje fui gritar para a praia, gritar e não só, ralhar aos quatro ventos e quatro ventos foram poucos para tanta reclamação. Precisava de bem mais. Mais uns quantos ventos que me ouvissem e me levassem na maré incerta que se aproxima. Bem que eu queria ser levada pela ventania desalinhada ou pelo mar perturbador. Qual terá a minha preferência é que eu não sei. Não sei nem quero saber. Que venham e depois logo se vê.
Despi o vestido que nem quem gosto muito e atirei-o para a areia molhada, para as pedras e conquilhas que me magoam os pés. Afoguei as dores no mar que me embalou o corpo nu e chorei. Hoje deixei as mágoas para quem as quisesse ancorar em si e parti. Naveguei para outras bandas com os bandos de pássaros que segui. Segui para sítios melhores. Estes já deram o que tinham a dar.
Marinheiro de água salgada
Marinheiro de água salgada
Deixa-me ficar em ti ancorada
Não tenho para onde rumar
Marinheiro de água salgada
Que te perdeste na noite molhada
E não sabes onde atracar
Marinheiro de água salgada
Que da vida não queres mais nada
Tua âncora lançaste ao mar
Marinheiro de água salgada
Deixa-me ser a tua amada
E em ti meu corpo embarcar
sábado, 16 de outubro de 2010
Fundo profundo
Willy Ronis |
fundo profundo
onde me posso perder
fundo bem fundo
que me faz gemer
fundo desvendado
além consumido
lago bajulado
húmido bebido
pedra no fundo
se perde aqui
rasgo profundo
escorrega por ali
pedra que espanta
se perde sem fim
fundo que encanta
se consome por fim
fundo entreaberto
além humedecido
pedra num aperto
no fundo consumido
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Virgens
As virgens que sofreram por ti
O sangue que as suas almas derramaram
O choro que as donzelas entoaram
Por ti, somente por ti
Suas vozes em prantos
Ecoaram pelos mil cantos
Dos abismos da amargura
Onde a dor não passa
Nem o frio que trespassa
A mais bela e pura
Somente por ti, por ti amor
Tu que as fizestes sofrer
Torturadas até morrer
Que nelas espetaste agulhas
Seus corações soltando faúlhas
Seus corpos nus a arder
Por ti amor, somente por ti
Suas almas não encontraram salvação
Entraram nas trevas e permaneceram lá
Na escuridão.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Pingo de amor
Escrevi a palavra caderno no caderno que não tinha linhas. Não tinha linhas nem deslumbre de um pingo de amor. Cadernos sem pingo de amor, mesmo que até sejam cadernos com linhas, são vestígios de memórias cheias de pó que não deixaram saudades a ninguém.
Escrevi a palavra caderno no caderno que não tinha linhas. Não tinha linhas nem deslumbre de um pingo de amor. Cadernos sem pingo de amor, mesmo que até sejam cadernos com linhas, são vestígios de memórias cheias de pó que não deixaram saudades a ninguém.
Mergulhar na Madrugada
Tito Ferreira |
Praia que nos gela
bela
O sangue que nivela
A dor que nos consome
Dorme
Que nos sacia e nos dá fome
Da vida em que nos espalhamos
Juntos mergulhamos
Gritando alto
De um só salto
Entrar no mar
fundo
E em tudo abarcar
o mundo
Trovoada farta
Que nos mata
Relâmpago que ilumina
Tão perto adrenalina
Sentir quente
Na mente que nos mente
Por querer
Em tudo viver
Dar sentido
Perdido
Amar.te
sempre
Há dias que odeio as pessoas de quem gosto
Há dias que odeio as pessoas de quem gosto e já nem sei o que é gostar. Odeio porque tenho que odiar. Odiar faz parte de um processo mais ou menos moroso, dependendo do gostar, até se deixar de gostar. Depois de odiar vem aquele momento de indiferença, de tanto faz e de não querer saber. Gosto especialmente quando já não gosto. Sentir-me livre de quem nunca me quis para si. Apressar todo esse processo pode ser sempre a melhor e mais inteligente solução quando o gostar apenas se faz num sentido. Odiar tudo de um só ímpeto e esquecer aquilo que merece ser esquecido. Abandonar. Largar aquilo que não nos pertence e que nunca estará no nosso caminho e que apenas a presunção nos fez querer ter. Odeio gostar. Odeio. Odeio a sensação de me importar com aquela pessoa que não se importa, com muito pouco ou até com nada. Pessoas que não se importam merecem ser odiadas e não gostadas, nem nada que se assemelhe com tal palavra que traz consigo admiração e respeito. Pessoas que não se importam não merecem e pronto. Chega. E respira. Preciso respirar e expandir o ar que o gostar me roubou. Não me quero importar com pessoas que respiram livremente enquanto me tiram o ar sem se importarem e sem se aperceberem. Tomar pouca atenção é uma coisa que as pessoas que não se importam mais fazem. Já devia adivinhar. Já devia aprender a não gostar. E o tempo. Aquele que perco a pensar nelas e aquele que gasto a querer estar com elas. O tempo que passa e me deixa passar. Passar e esquecer que passámos e vivemos. Não quero mais estar sem sentir aquilo que mereço sentir. Não quero mais estar ligada à indiferença, não quero nada com ela. Palavras meramente simpáticas deixam-me magoada, e já não quero saber se a culpa é minha ou do gostar. Mas sinto-me magoada e odeio. Odeio isto. Não quero mais isto. Não vou deixar mais que a puta da mágoa brinque assim comigo, nem as pessoas que não se importam. Vou viver, quero viver e respirar. Sentir a adrenalina em cada parte do corpo e rir. Rir com as pessoas que se importam e que merecem ser gostadas. Esquecer. Esquecer aquilo que merece ser esquecido porque nunca me lembrou.
Ron Evans |
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