Me apaixonei pelo mundo
Pela vida que havia em mim
Me convenci de que tudo
Seria bom sem ter fim
Levei-me pela ilusão
De acreditar em coisas belas
Fechei-me nesta prisão
Onde não existem janelas
Esta prisão mundana
De ignorantes sabichões
Não vêem a acção leviana
De deus escrevendo aos tropeções
Este mundo que não me sente
Tem amarras e grilhões
Tem só gente que mente
Empestado está de rufiões
Um sítio triste, deveras
Não pensei que assim fosse
Acreditava em sonhos e quimeras
Esperança no coração trouxe
Vou morrendo aos poucos
Nesta vida que me consome
Desejo viver com os loucos
Partilhar o prato em que o Diabo come
Sangro pelo amor que dói
Que pedi devolução
Mas essa vontade sustentei
No meu estúpido coração
Choro pelo mundo
Que Deus fez a brincar
O que pretendeu no fundo
Foi ter alguém com quem gozar
Se fosse de juízo perfeito
Não nos querendo baralhar
Teria-nos colocado no peito
Um coração são a funcionar
Fiz para morrer
Num caminho facilitado
Como era de prever
Apanhei Deus mal-humorado
De repente acordei
Para um mundo que não queria
Cheia de dores despertei
Pensando que Deus me mentia
Castigou-me de tal forma
Aumentando a minha dor
Da paz não há retoma
Nem certeza que há amor
Não consigo respirar
O oxigénio já escasseia
Talvez seja a Morte a chegar
Com malícia e peneira
Mas que pretendo eu
Novamente num engano?
A Morte não se comoveu
Com o primeiro desengano
Ó Deus como lamento
Que tenha sido assim,
Que nem por um momento
O amor tenha pertencido a mim
Em nada do que pedi
Encontrei realização
Nem de Deus consegui
A ambicionada libertação
Porque me ensinaram a querer
Coisas que não se darão
Antes me ensinassem a morrer
Teria grande gratidão
Deste amor que me consome
Desta vontade de amar
De querer que a vida tome
O caminho do amor em que devia estar
Desta vida infernal
Desta vida infernal
Deste mundo de embrulhadas
Não necessitamos da luz celestial
Apenas de luzes apagadas
Que Deus ganhe entendimento
Que me deixe morrer em paz
Que execute um concerto
Por todo o mal que faz.
Bravo!!!!
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