domingo, 30 de janeiro de 2011

Tinta permanente





Marcas indistintas feitas por tintas permanentes 

You are not alone in this









Quando comecei a ter medo não sabia como podia ser doloroso. Dor que não mata mas moí todo o grão de inquietação que agarra. Vi-me agarrada ao que não queria. Queria percorrer um caminho mais ameno sem cruzamentos nem sentidos proibidos. Proibida fiquei eu de ter medo, mas ainda assim com medo de tudo e de nada. Nadar em mares turbulentos que engolem caravelas lançadas por ventos estranhos. Sou uma estranha dentro de mim. Tenho medo daquilo que não sei e antes morrer na ignorância do que saber o que sei hoje. Hoje é um mau dia para ter medo. Ter medo nunca fez parte dos meus planos porque sempre tive a mania de ser corajosa. Coragem para te largar de uma vez e esquecer que passaste por aqui. Atirar-me de um penhasco e despedaçar este coração cansado de amar tanto. Tanto que larguei e não retomei porque nada mais tenho para ter medo. Perder o medo de tudo e ganha-lo de uma só vez. Vezes findas em que ganhei o jogo da coragem. Miragem de uma terra prometida sentida por uma alma amedrontada. Assustar o medo e arremessa-lo para longe. Longe de dizer tudo aquilo que sinto mas sem medo de dizer tudo e mais alguma coisa.

It's not very exciting to be good






segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Fria está a água por não saber cantar



Desenhos que faço e que rasgo por não querer desenhar. Risco mais do que aceito e tudo o que aceitei perdi. Perdidos de amor. Mulher cansada de gritar tão alto e de achar que tudo se faz a brincar. Brincar com o fogo e queimar todos os papeis de uma só vez. Vezes sem fim que conto com quantas máquinas se tira a fotografia que esqueci. Palavras que escondo, papeis que rabisco e risco para ninguém ver. Vejo o que quero e o que não quero. Quero tocar-te com os meus dedos que não controlo. Controlar as coisas que escreves que me atormentam nos dias chuvosos. Chuva de tinta sem cor. Os meus dedos têm vida própria e regem-se por um coração que não sabe estar calado. Calo mais do que devia. Que merda de dia frio!!

sábado, 22 de janeiro de 2011

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O armário que matou o cão



O armário matou o cão de uma só vez e sem grandes hesitações. É conhecido que armários não gostam de cães por todas aquelas vezes que cães, gorduchos ou magricelas e de tamanhos diversos, fazem coisas feias aos armários: mordidelas, roídelas, grunhidelas, mijadelas, várias coisas acabadas em «elas» de sentido mau e catastrófico para o dito armário. O armário até tem por habito ser um mobiliário pacífico que faz yoga ao fim-de-semana, mas desta vez não resistiu e perdeu as gavetas todas de uma só vez.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Prantos que estanco todas as noites ao deitar



Diz-me o que andas a ver que eu não conheço. Lamentos para o fim do mundo e para o fundo do fundo que não encontro. Saco roto e torto. Encontros estranhos com estranhos que se fazem de simpáticos. Simpatias vãs perdidas na pradaria das coisas que não interessam. Despertam as flores na primavera e algumas no inverno também. Ainda bem. Com quantas cores andas a pintar e que te fazem acreditar em quadros bonitos? As pessoas bonitas também são feias ainda que assim não queiras. Peneiras de gente grande que garante que a vida é assim mesmo e sem solução. Solução afortunada e apanhada por quem procura. Procura lenta e perigosa. Rugosa está a parede onde a sombra se deita. Deito-me sozinha e espero que a vizinha me largue a soleira. Solteira morreu a culpa. Culpada de ter uma mente solta. Louca ando eu como fui sempre. Nunca fui muito crente e deixo a mente caminhar pela estrada sinuosa. Fanhosa de me assoar tanto. Prantos que nunca estanco e que nunca estancarei.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Venenos aromatizados






MAÇAS CARAMELIZADAS E ENVENENADAS POR MIM.
TALHADAS PARA TI

A correr às voltas com a revolta dentro de mim




Hoje quero refugiar-me em ti numa daquelas casas com aquecimento central. Sempre gostei de adormecer quente. A minha mente voou com o bando de aves que desconheço o nome. Fui para o campo e espero que aquilo que lá senti chegue até ti. Vou esperar só um pouco que encontres aquilo que escondi. Acho que já me deixei esperar em demasia nos últimos tempos. Anos findos vindos numa nuvem esparsa que trespassa tudo em mim. Horas traiçoeiras com raposas matreiras e passearem-se por aí. Vou ali e já venho, ou talvez até fique por lá. Andar sempre meio perdida ainda que a minha vontade destemida se renove por fim. Anda qualquer coisa a passar-se nas minhas veias que fazem teias de uma cor carmim. Parar a hemorragia daquilo que sentia e fervia dentro de mim. Já tentei parar que o sangue me circulasse no coração mas este liquido espesso que desconheço é bombeado com força. Força é aquilo que me falta em dias de tempestade. Ter a humildade para admitir os erros e fartar-me de errar tanto. Tanto medo e tão pouco. Já não tenho medo de nada e continuo a ter medo de tudo. Tudo a correr à volta ainda que a revolta se faça de mansinho. A caminhar devagarinho e a voltar ao sítio onde me perdi. Esqueci o caminho para casa e a cada asa que parto me esqueço de mim.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Nada que consiga dizer


Estou tão cansada que não me apetece escrever nada. Campos verdes que não vejo mesmo que o meu desejo seja ficar junto de ti.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

♥ ♥ ♥





Vou esconder-me a trás de uma árvore a fazer o que me apetecer até me perder em ti.


Raposas a espreitar e a espalhar boas notícias


Raposas que estão sempre à espreita e que gostam de crepes de chocolate. Empanturraram-se em álcool e participaram em rituais de fumos. O novo ciclo começou e adivinhou a tempestade afortunada. Adivinham-se ventos ciclónicos que levam tudo à frente mesmo que alguém tente lutar contra eles. As marés levaram o lixo e agora há que ficar à espera que a embarcação parta. Parti porque já não gosto de ti nem de ficar à espera do que há-de vir e que nunca vem. Já não ligo aquelas coisas que as pessoas definem de platónicas, mas que não servem para nada. Vem aí tempos festivos que me deliciam o paladar até me fartar. Vou navegar sem ti e deixar-te afundar como tu gostas. Que o leme te leve para outro porto e que a ancora se afunde por outras terras. Estou a planar e a ficar mais calma. Gaivotas a voar, calmaria no mar. Vou passear com a raposa que me espreita e me sujeita a coisas boas, aqueles que me fazem ter um sorriso na cara. Quero namorar e parar de ser estúpida.