domingo, 21 de novembro de 2010

Coraçãozinho de merda



Meu coração é uma merda e de tanto bater quase parou. Parar com a dor porque o tempo se esgotou. Esgotar beijos e vontades, e mais qualquer outra coisa, todos de uma só vez antes que o relógio o desperte e ele seja forçado a acordar. Meu coração gritou bem alto e ninguém ouviu o seu compasso. Passos de cada vez a caminho de um mar tempestuoso. Forte e silencioso. Gaivotas que se riem de tudo e de nada. Nada para amar. Tudo o que amou e quer rejeitar. Meu coração passeia-se pelas ruas da cidade e ninguém deu por ele. Pisou o piso escorregadio e estatelou-se no chão. Meu coração foi pisado por uns quantos sapatos apressados que passeavam outros tantos coraçõezinhos de merda. Merda para isto tudo que nunca compreendi muito bem. Compreendo mais do que devia. Devia ter aprendido a guardar melhor o meu coração das chuvas catastróficas. Meu coração sofreu um cataclismo e chorou desalmadamente. Tem uma alma cheia de tanto e tão pouco para contar porque nada se passou. Voou pendurado num bico de uma ave com olhos tristes, preso por um cordão meio gasto que quase se desfiou. Desviou-se do seu caminho e não sabe voltar a casa.

Coraçãozinho de merda que bate e não mente porque se sente. Meu coração é uma merda e o teu também.


(peço desculpa por qualquer abuso por mim tomado e obrigada à Maria Imaginário)

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