quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Dívidas saldadas




Corpo despido e sentido por duas mãos que o reparam dos maus tratos. Trata bem quem o reconhece e aquece tudo o que está lá dentro. Vou ficar vestida apenas quando tu deixares. Deixo as mágoas numa caixa enlaçada a uma âncora de 1000 toneladas que atiro ao mar. Acordar e soltar a andorinha que aprendeu a voar. Farejar perfumes carregados de tons fortes. Forte é o meu coração mesmo quando atropelado. Atropelei as cartas antigas e faço figas para que o mapa aponte o caminho certo. Acerto de contas quando me contas mentiras que eu já não finjo que acredito. Acredito em quem devo, e a quem nada devo já esqueci.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Vozes lançadas ao vento sempre chegaram aos céus

















 


Quero fazer uma viagem sem retorno para um sítio que ninguém conhece. Deixar os cabelos ruivos voarem com o vento e andar a atirar flechas como se fosse uma índia. Tenho os bolsos cheios de palpitações que quase perco nas trilhas entrelaçadas que vasculho. Sempre fui perita em perder coisas. Coisas que se querem por perto de uma janela feita no meio de uma floresta. Ando a escutar conversas estranhas. Estranhas são aquelas pessoas que não se fazem entender. Entendo mais do que devia. Devo andar a ficar louca, mas ainda assim com um coração que bate no peito. Quero baloiçar-me num ramo de uma árvore sem ter medo de partir o nariz. Sempre fui feliz quando me mascaro de criança com esperança de ser feliz. Foi por um triz que quase me atirei de uma varanda perigosa. Ainda bem que tenho uma bússola comigo que me indica o norte mesmo quando nado em mar tenebroso. Quero banhar-me em águas perfumadas e limpas que me limpam a alma, quero ver o fundo sem me afundar. Estou a aproximar-me de uma casa bonita com papel de parede florido. Tenho um coração dorido que está a cicatrizar e que vai ficar feliz quando te tiver comigo.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Ligas que ligam qualquer coisa que ainda não sei bem o que seja







As saias sempre me farão falta, as ligas também. Espero que me ligues o quanto antes.


A correr a passos largos



Se eu tivesse caminhado a passos largos para o largo não sei onde já estaria. Longe,  bem longe de onde se quer. Nunca se saberá, pois nunca fui muito boa a medir distâncias. A quilómetros de distância de perceber o que quer que seja. Seja o que Deus quiser, embora não seja assim tão crente e ache que Deus tem um jeito estupendo para nos estupidificar. Estou a caminhar na direcção oposta. Ainda bem que não gosto de seguir o rebanho. A luz celestial nunca fez parte dos meus planos. A planar bem alto e se estas asas me falham é possível que me estatele no chão. Ando cansada de andar pelos céus sozinha. Ando cansada de pensar tanto. Ainda bem que me ensinas a relaxar. Ainda bem que contigo posso adormecer com os dois olhos fechados. Deixa-me escrever só um pouco e exorcizar mal estares antigos. Só um pouco disto e daquilo. Depois vou ter contigo ao quarto das janelas grandes e largo estas palavras de uma vez. Tenho de comprar um novo dicionário. Deixa-me recuar um pouco porque sou medricas e depois avançar uns quantos passos de uma só vez, só porque sou meio atabalhoada a andar por estas estradas. A um pequeno passo de te ter aqui, dentro de mim.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

2 pernas e 1 ♥


Seguir uma enfiada de corações aos tropeções . Pelas pernas acima à procura de um clima mais ameno. Mãos que afastam e encaixam . Era isto mesmo que procurava

domingo, 12 de dezembro de 2010

AZ


ÉS O MEU AZ
POR TUDO AQUILO QUE FAZ
O MEU CORAÇÃO BATER

Desdiz




Tenho mil almas para iluminar que se querem com muita luz. Chamas que incendeiam, de tanto sopro flamejam na boca que reluz. Mentes que devaneiam enquanto os dedos latejam os estragos que fiz. Latejar pensamentos que me cercam. Corações que sussurram e despertam o que a boca não diz.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Rosa-dos-Ventos





Faz-me perder o norte e com sorte talvez me oriente. Orientação apontada por rosas-dos-ventos desenhadas em mapaz antigos. Andar um pouco à deriva enquanto aprendo a navegar. Atracar em porto seguro.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Uma história de amor numa estrada sem sentido














Uma história de amor numa estrada com apenas um sentido. Despido ficou o corpo de preconceitos. Conceitos que não interessam a ninguém. Não ter ninguém com quem reclamar. Snifar até doer e ficar com comichão no nariz. Partir o nariz e depois partir a cara toda. Toda a desgraça que virou farsa. Ficar com a cara no chão e um pasmo no coração. Coração desvairado e atrapalhado. Beber de uma água turva. Veneno que amargou. Quase matou. Sufocar e andar para a frente. Andar nua pela casa e em bicos de pés. De pés atados e olhos esbugalhados. Drogas sempre fizeram mal à saúde. É melhor ter cuidado e começar a dormir com o revólver sempre comigo. Ter cuidado contigo. Arma sempre pronta. Tonta. Chorar até não poder mais. Mais nada a dizer, nem a escrever. Esquecer. Desaparecer de onde não se pertence. Ser crescida e adulta, ou talvez cagar para isso tudo. Ver-me livre de ti. Livre como sempre fui e como sempre gostei de ser. Ferver. Viver melhor agora. Melhora a cada hora… Silêncio. Gosto. Gosto de ti, mas gosto mais de mim.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Foi com o vento e queimou



Amor escaldado de vento tem medo. Porque o vento traz muitas coisas e nunca se sabe se isso é bom ou mau. Mau é como quem diz muito mau. Ateia fogos quase extintos. Extinção do coração e da paixão que lá ia dentro. Vento num tormento por não actuar com eficácia. Arrancar tudo o que demorou a ser elevado. Elevar o que se pediu. Amor que mentiu. Desmoronou. Escaldou e esturrou. Cortar o mal pela raiz. Corte profundo. Cheiros e vestígios de cinzas. Onde há fumo há uns quantos fogos que devastam e arrastam. Arrastou para o fundo. Fogo que queimou o que não devia e deixou queimaduras de primeiro grau. Mil graus abaixo de zero numa casa no fim do mundo onde outras casas já não existem. Não existes mais em mim por tudo o que queimaste e não saraste. O amor levou-o o vento, ainda que um pouco lento, levou-o, e já não queima o que já queimou.